Tenho de voltar nas minhas memórias para encontrar um motivo para estar aqui. Primeiro tenho de dizer quem sou e ao dizê-lo estarei inventando uma persona, no sentido grego de máscara. Porei esta máscara e através dela representarei a minha vida, ou a fantasia sobre a minha vida.
Sou um garoto comum, muito, muito comum. Tanto que, certa vez, um amante me disse que se tivesse me conhecido na rua e não através da internet, não teria prestado atenção em mim. Isso não fez bem a minha vaidade, mas acariciou o meu ego, pois eu definitivamente não era óbvio. Peter Berlin, ícone da beleza gay da década de 70 e que definiu toda a estética gay posterior, disse em seu documentário que não se interessava em ouvir o quanto é bonito, ele sabia disso. O que lhe interessava era ser provado, ser surpreendido. E o mais interessante é que Peter era um personagem, uma construção.
É em construção que me encontro e é pelo improvável que sou seduzido e é através disso que seduzirei vocês. Pois, sim, por que as pessoas escrevem em um blog senão para serem desejadas e amadas?
Necessito de amor agora. Não do amor carnal, aquele que comumente diriam que existe entre um homem e uma mulher - não conheço isso - não é o meu tipo de amor, o meu amor é o existente entre dois homens, amor feito de acordos tácitos. Nem do amor de alguém alheio. Estou em busca do amor de Narciso, o amor pela minha imagem refletida no espelho, daquilo que provém de mim, no meu âmago, do meu coração.
É em construção que me encontro e é pelo improvável que sou seduzido e é através disso que seduzirei vocês. Pois, sim, por que as pessoas escrevem em um blog senão para serem desejadas e amadas?
Necessito de amor agora. Não do amor carnal, aquele que comumente diriam que existe entre um homem e uma mulher - não conheço isso - não é o meu tipo de amor, o meu amor é o existente entre dois homens, amor feito de acordos tácitos. Nem do amor de alguém alheio. Estou em busca do amor de Narciso, o amor pela minha imagem refletida no espelho, daquilo que provém de mim, no meu âmago, do meu coração.
Pode parecer estranho? O é. Sim, nenhuma palavra me agradaria mais. Ultimamente tenho calafrios com a possibilidade de admitir ter caído no óbvio, comum, normal. Tenho horror quando sou obrigado a dizer que a homossexualidade é normal, quando defendo a naturalidade do desejo homossexual, isso torna a minha sexualidade algo tão sem importância. Normalidade, que palavra nojenta. Arranque-as dos seus dicionários. Caguem sobre a normalidade das famílias em campanhas publicitárias, que há algo de muito podre no reino da Dinamarca.
Marca na sua agenda todos os sábados como um dia de um novo sonho e seja o sonho. É preciso sonhar meu querido. Sonhar é o que tem me mantido vivo.
Comentários
Nossa, me apaixonei pelo blog, por você e por sua imagem refletida. Adorei as passagens picantes, embora eu acredite que sua ânsia por gozo e prazer vá muito além das possibilidades carnais. Vejo esse espaço como uma construção plena, sem limites de orgasmo e auto-descoberta, tanto que, inconscientemente ou não, você usou no pano de fundo a imagem do próprio universo - que é belo, misterioso, agressivo e amoroso, sem limites e sem definições. Parabéns, querido! Eu também sou de Salvador e... por que não nos conhecemos antes? Talvez a gente se tope por ai, no ermo da cidade rsrs
Beijão!
Se quiser me mandar e-mail, ficarei feliz: "misteriosdoorgasmo@bol.com.br"